Faça aquele puré de batata cremoso e sem grumos de que tanto gosta e que sabe fazer como ninguém, que para isso não é preciso receita. Vá ao Ártico, num fim de tarde em que tenha tudo controlado aí no trabalho, e aproveite para trazer de lá salsichas*. As enlatadas prestam-se bem a esta receita, mas como o ideal é que sejam frescas… Caso não tenha enlatadas, nem mesmo de marca branca ou de outro tom, pois se as temperar bem, qualquer salsicha é aceitável, terá mesmo de dar um salto ao norte do Norte. Assim, depois de tudo decidido e agendado, vá ao Ártico. Não terá outrao remédio. Não apenas porque é o que diz a receita, mas também porque, tal como no caso do bacalhau, quando certa zona geográfica ganha fama de ser boa a produzir alguma coisa, nem vale a pena ir a outro sítio. No final, não descure no contraditório. Pergunte-se porquê e como? Queira ouvir o que a outra parte tem a dizer, tanto a salsicha, como o Ártico ou mesmo o seu tradicional puré. O que é que eles opinam sobre o assunto, o que viram, realmente fizeram, pensaram e disseram. O que é que todos eles têm a dizer sobre aquilo que você disse e fez, principalmente com os seus destinos… Saiba ouvir e avaliar de que lado está o sabor, ou o sabor mais acertado. Não há imparcialidade absoluta, mas podemos sempre agir com honestidade e veracidade. Cabe-lhe o estoico papel da balança. Não balance, medeie e avalie. Já agora, não se esqueça de levar um casaquinho, que o clima por aquelas bandas é pior do que a zona de congelados de qualquer hipermercado.

Ingredientes:

– Batatas para o puré

– Um pouco de Ártico, para as salsichas*

– Bastante inteligência e distanciamento para o belo contraditório

– Tempo livre para ir ao Ártico

Tempo de preparação:

Meio mundo e um quarto.

*Salsichas e, POR FAVOR, não:

Chalchichas, salchichas ou chalsichas.

O sabor não é o mesmo!

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