Se é dado a exotismos e sofisticação, aqui encontra o melhor destes dois universos, já que os frutos são exóticos e nada surge como mais sofisticado do que champanhe – exceto o veludo e a seda, no que aos têxteis diz respeito, mas esse é outro mundo. A calda de ácer é o inusitado twist de rusticidade que torna tudo inesperadamente tão divinal ao palato. A fruta deverá ser eleita de entre a mais exótica das exóticas, o que quer dizer que não basta ir à mercearia do Sr. Manel. Procure outras esquinas e verá que encontra frutos internacionais ou menos usuais que merecerão o adjetivo que aqui empregamos. Maçã e laranja não encaixam nesta categoria. Terá de se esforçar um pouco mais. Do nosso ponto de vista profissionalíssimo, se só existir na Madeira, por exemplo, já é exótico. E já que falamos de madeira (agora em caixa baixa, pois referimo-nos à matéria e já não à ilha), vamos diretos ao ácer, árvore ou arbusto semelhante ao plátano, mas de outra espécie, de onde se extrai o xarope de que irá necessitar. Também designado xarope de bordo ou, em inglês, maple syrup, é a tradicional calda que os norte-americanos usam nas suas panquecas de pequeno-almoço e que, a olho nu, tantas semelhanças tem com o mel. Mas, atenção, não é mel, pelo que não entre já nesse atalho de o substituir por mel. Não teria o mesmo resultado nem o mesmo trabalho, já que terá mais dificuldade em encontrar o xarope de ácer. O champanhe, bom, esse é simplesmente champanhe e não levanta dúvidas, exceto se já estiver a pensar em poupar alguma verba e adulterar a receita com espumante. Não vá por aí. Siga-nos, por favor. Então, adquiridos os frutos exóticos pode, das duas uma, ou colocá-los numa ampla taça crus, ou semicozidos em calda de açúcar. Sobre eles, num ou outro estado, verta o champanhe e deixe que este se entranhe na fruta. Antes de servir, espalhe um generoso fio do xarope por cima e leve ao frigorífico. Há quem opte por levar a calda à mesa, num jarro ou molheira e deixar que cada um se sirva a gosto.

Ingredientes:

– Fruta exótica ou, no mínimo, armada ao pingarelho

– Champanhe (mais uma vez, não confunda com espumante)

– Xarope de ácer (não é o mesmo do que mel, não esquecer)

Tempo de preparação:

Ora, dois e dois são coiso, mais cerca de qualquer coisa para a ronda pelos supermercados, voltar a trocar o espumante por champanhe a sério, e vão mais uns quantos… e ainda uns dias para encontrar o xarope e quem queira experimentar a receita. Aponte para um mês, mês e meio. (Ninguém disse que ia ser fácil!)

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