Esta não é para todos. Quem não tem amigos ou quem os tenha, mas não possa, a cem por cento, assegurar a sua fidelidade, lamentamos, mas está de fora. Até porque, quem, senão um fiel amigo, vos ofereceria uma sopa? Quem, senão um bom companheiro de vida, se dedicaria à difícil e complexa tarefa de confecionar uma sopa e o convidaria para comensal? Só um psico, com uma panela de sopa envenenada com estricnina, ou cianeto, que se quisesse ver livre de si, seguindo o velho, mas certeiro, ditado popular de que pela boca morre o totó. Os excluídos desta receita, e porque somos pela inclusão, deliciem-se com uma boa açorda à alentejana, também conhecida por aí como sopa de bacalhau com ovo escalfado. Toda, toda só para si.

Ingredientes:

– Uma sopa

– Um fiel amigo

– Um convite para jantar (ninguém come sopa ao almoço, Urgh!!!)

Tempo de preparação:

Por vezes, toda uma vida, já que se demora a fazer um bom amigo, e um que se revele fiel implica tempo e provações várias para testar a solidez da amizade. Há até quem se diga íntimo deste e daquele e nunca tenha, sequer, sido convidado para a sua casa. Lidar com pessoas é do pior e gerir afetos é ainda mais assustador. Uma ideia avulsa: faça a sua própria sopa, mantenha-se fiel à sua integridade total, física e moral, e coma a sopa sozinho. Afinal, chegamos e partimos assim mesmo, sozinhos. Porém, atendendo à época natalícia e à Paz entre os homens e tudo isso, trate lá de arranjar um amigo, que é quanto basta, ou o tal ovo escalfado (não confundir com esfalfado, se bem que para o ovo vai dar ao mesmo).

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