Belinha olhava o quarto que ocupava na Prisão de Odemira. Nunca lhe chamou cela. Jamais caiu nessa esparrela, que isto quando nada se tem as palavras podem ser tudo. Por isso as poupava. Por isso as aplicava com sabedoria, com cautelas de alta finança e rigores de cirurgião. Com elas sarava pequenas chagas, usando-as como leves compressas, embebidas em eufemismos e cirurgicamente aplicadas, aqui e ali, em recônditos interstícios da sua alma, já que as feridas maiores, supunha, dificilmente as … Ler mais

Comentários recentes