Se é para ser malandrinho, que seja logo sacana, que as coisas pela metade ou agarradas a diminutivos são enervantes e não nos levam longe. Isto, claro, se o objetivo é ir mais longe. Pode preferir ficar por perto, ou ir longe, mas devagar. Cada cabeça é um mundo, mais ainda a de polvo.
O arroz sacana distingue-se dos restantes por ser mais difícil de lidar com ele. Requer água que baste para cozer e outra porção para nela ficar embebido e nela soltar os sucos do preparado. Sim, Não é apenas arroz branco, solto e neutro. Este requer temperos, exige afetos, demanda atenção e medições certas para sacanear a bel-prazer. Ah, o que nele há de mandão, refilão e prepotente há em igual medida de saboroso. O sacana, é mesmo bom! Principalmente quando se envolve em lutas desbragadas com os oito tentáculos do polvo, suas ventosas e musculatura. Aparentemente mais franzino, o arroz não se vai abaixo, antes o envolve, ao polvo, sub-repticiamente, com enlevos de dominador. Enquanto o outro mingua ele incha de vitórias. Temerário, como poucos, só acalma no prato, para onde deve seguir sem que se tenha espapaçado, que isto de lutar com um polvo de tamanho médio não mata, mas mói. Moído, mas não abatido nem rendido, ele domina a equação, mal se dando pelo polvo, com a cor do qual se camuflou, adquirindo os seus sabores e aromas. Entre luta livre e golpes certeiros, o sacana do arroz de polvo é imbatível e um dos maiores clássicos da nossa cozinha. Bem-haja por tamanha resiliência e bravura. Bravo, arroz!
Ingredientes:
– Arroz, claro
– Polvo, escuro
– Temperos, a gosto
– Água, para ir acalmando os ânimos
– Boa dose de imaginação, para colocar o polvo num ringue com o valente arroz
– Fazer apostas é uma opção a considerar, que sempre permite animar o tempo de espera enquanto se apura o vencedor
Tempo de preparação:
Depende da preparação do polvo e da condição física do arroz. É coisa para, no mínimo, cinco rounds, que o polvo não se fica por KO.
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