Porque todos sabemos o que é, como é, a que cheira e a que sabe o bacalhau, principalmente o seco, achamos pertinente aproveitar esta receita para desmistificar esse bicho papão que é o pesto – que só surge como sinónimo de peste para quem o odeie. Pesto, queridos leitores, é apenas um molho italiano, nascido lá para os lados de Génova, e está muito perto daquele preparado que serve de base à nossa Açorda à Alentejana, apenas com outros ingredientes, ou os mesmos noutras combinações possíveis. Não se atemorize, nem recue perante uma simples palavra estrangeira. Neste caso, o principal ingrediente a adicionar ao azeite e outras iguarias são os coentros, e não o original manjericão. Os coentros devem ser bem pisados, junto com os pinhões (tão caros que mais vale dispensá-los), o alho (tão ativo que pode ignorá-lo), o sal e o parmesão, ou outro queijo à escolha (quem não gosta não coma ou não o adicione ao molho). No final, regue tudo com o referido azeite. Pode moer o juízo a tudo isto recorrendo ao picador, ou ao tradicional almofariz, ou à mão, caso pretenda tonificar um pouco mais os bíceps braquiais. Feita esta pasta, mais ou menos espessa, é só barrar ou temperar o bacalhau com ela. Simples e tradicional, como o rústico bacalhau. Claro que não tem o aroma do nosso poejo, mas também não é péssimo, vá!

Ingredientes:

– Bacalhau seco ou fresco cozinhado à maneira, ou seja, à sua maneira (e não à dos Xutos, que essa é outra cantiga)

– Coentros, bastantes

– Queijo, só se gostar

– Pinhões, só se os conseguir comprar

– Alho, só se não lhe fizer diferença

– Azeite, em quantidade suficiente ou um pouco menos

Tempo de preparação:

É bem mais moroso pescar, acondicionar, salgar e secar o bacalhau do que fazer o molho, dito pesto no norte de Itália. Sempre aprendeu vocabulário vindo do estrangeiro, o que é uma mais-valia a não descurar e isso demorou muito pouco, não foi?

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