A ele se referem como sendo fiel, mas preferia não entrar na intimidade afetiva, sexual ou outra deste bacalhau. Compreenderão que é um assunto sensível e deveras delicado com o qual me melindro facilmente. Assim, independentemente dos hábitos comportamentais do bacalhau, demolhe-o e coza-o. Esfarrape-o bem (agora, vão julgar-me e achar que me vingo por este bacalhau não ser fiel, mas garanto que a receita a isso obriga), adicione as natas. Mexa tudo muito bem e leve mais um pouco ao lume, apenas para que tudo se interligue. Abra uma garrafa de vinho. Caso o bacalhau esteja uma bela desgraça, não deixará de poder celebrar mais uma ótima refeição com vida. E é para celebrar a vida e a arte de bem comer que impus a mim própria a prestação deste serviço.
Ingredientes:
– Bacalhau (não precisa de verificar a idoneidade do sujeito)
– Natas
– Sal e pimenta
– Garrafa de bom vinho tinto
– Isenção de julgamentos morais
Tempo de preparação:
Sabe bem o tempo que demora a esfarrapar um bacalhau para que fique limpinho, sem espinhas ou peles? Ah, bom! Se soubesse, aposto que nem teria parado nesta receita. Claro que pode comprá-lo já esfarrapado, mas parte do gozo da receita está mesmo em esfarrapar o bacalhau. Muitos personal coaches já o recomendam como atividade antistress.
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