O fiel amigo em versão com natas e, ainda por cima, delicioso. Que mais se pode pedir a uma simples receita? Depois de demolhado (banho de algumas horas ou dias, conforme a grossura do bacalhau, em água), retire a pele e as espinhas ao dito cujo. É uma maçada e um trabalho ingrato por duas razões: tudo tende a colar-se aos dedos e sob as unhas, devido à gordura da pele e às fibras da carne deste peixe, e porque, no final, há sempre espinhas que escapam ao escrutínio, pelo que não almeje a perfeição. Esforço mediano já é bom. Desfie tudo. Outra maçada de tarefa, mas, em nome da receita, coragem. Depois, avance em modo free style. Junte-lhe leite ou vinho, pimentos ou pimenta, ovos ou banha, broa ou espinafres. Com o sacana do bacalhau, tudo vai bem. Feita a mistela a seu gosto, temperada com esmero e apimentada com alguns ingredientes spicy ou não, cubra com natas e leve ao forno, pois parece que cru não é tão saboroso, mas não se esqueça de que está por sua conta e risco, que aqui não há ditaduras de palato, era o que mais faltava! Além de que o delicioso é meramente facultativo e depende muito do resultado conseguido. Bom apetite!

Ingredientes:

– Coisas a gosto, desde legumes a ovos, leite, azeite, vinho… É demasiado subjetivo para poder ser feita uma enumeração rigorosa.

– Natas

– Umas 17 doses de paciência

– Ah, e bacalhau, claro!

Tempo de preparação:

Um ror de horas para a ‘despinhagem’ do bicho, a qual demorará mais ou menos consoante a quantidade de postas a serem ‘trabalhadas’. O resto, é peanuts no universo temporal.

Ilustração Andrea Ebert

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