Versão infantil – Bolachas soam a infância e só a palavra já transporta conceitos tão caseiros que aportam imediato conforto. Com uma bolacha na mão (na cara, já não é bem assim), somos de novo crianças, o futuro é infinito e o mundo está cheio de possibilidades, todas elas positivas. As bolachas são aquele pedaço de massa culinária mágica, folgazona,  que se transforma em qualquer tipo de figura ou sólido geométrico e ainda consegue que viajemos no tempo. O mesmo se podendo dizer dos biscoitos, mas com mais doçura das bolachas.

Versão chique – Faça delas os novos macarrones. Guarneça-as de coisas que enchem o olho, de frutos secos a frutos do bosque, de sofisticadas manteigas de café a purpúreas geleias. Tinja-as com tons de açafrão ou beterraba e eleve-as acima de scones na hora de um requintado lanche na elegante hora do chá. E não se esqueça de que o chá das cinco se serve, na verdade, às quatro.

Versão pobretanas – Para quem anda muito a pé e/ou de transportes públicos, este é aquele snack que não enche uma carruagem com cheiro a fritos, nem pinga a roupa, não denuncia a nossa pobreza, pois mal se dá por elas, e nem requerem mais do que um guardanapo de papel para o seu armazenamento e transporte em qualquer mala ou pasta. Pouco peso, pouco ego e pouca visibilidade. Tuto isto por oposição às toneladas de calorias, principalmente se não for forreta no óleo ou azeite. Nesse caso, dois guardanapos são aconselháveis, para não ter de lamber os dedos enquanto sai da linha azul do metro para se enfiar na vermelha.

Versão urbano-sustentável – São homemade, totalmente sustentáveis e zero-waste, são plastic-free, inscrevem-se no conceito de honest and comfort food e ainda podem ir sendo mordiscadas de forma sexy e descontraída. Nelas se podem empregar sobras de outras bolachas e outras coisas, que os criativos da cozinha lá saberão aproveitar de acordo com uma filosofia social e ambientalmente responsável. Também não têm odores e as migalhas ainda podem ser aproveitadas para os pombos do jardim. Muito urbano, muito citadino e cosmopolita.

As que aqui propomos são giríssimas e são amarelas, já que o ingrediente principal é esse tubérculo encantatório. O resto já sabe como se faz.

Ingredientes:

– Todos os normais quando se cozinham bolachas

– Uma pitada de saudosismo, um grão de snobismo, muita honestidade e algum disparate. No fundo, e tal como a vida, o que seria da cozinha sem um pouco de tudo isto? (Não responda, por favor, é pura retórica.)

– Batata-doce

– Gordura vegetal

– Sal, para salgar a batata-doce

Tempo de preparação:

Uma fantasia.

 

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