Nojento, não é? Que peregrina ideia concebeu a possibilidade de juntar queijo e morangos e achar que, com isso, obteria um bolo? Parece coisa de pintura surrealista, ou de nerds da cozinha. Claro que suíços (e franceses também, mas deixemos estes para outra receita) – e, agora, atenção aos estômagos mais sensíveis – têm lá o seu fondue de queijo, onde submergem tudo e mais um par de botas, mas eles são suíços, não é? São gente estranha. São ricos que gostam de brincar aos ricos, ou seja, que inventam coisas com que divertir enfadonhos espíritos sem gastar muito do dinheiro que guardam em sofisticados cofres, nos quais asseguram ainda o bem-estar do dinheiro dos restantes ricos do mundo. Além de guardiões de fortunas, a que se dedicam os suíços? A fazer chocolate, cosméticos de caviar e outras raridades, onde diamantes não são estranhos, entretêm-se ainda com alta relojoaria e pouco mais. Ah, e aprendem línguas, uma vez que numa área que não excede o nosso belo Alentejo, há quem fale italiano, francês, alemão e ainda há lugar para alguns dialetos. Uma forma de diversificar uma pequena assoalhada, dando-lhe valências de sala, casa de jantar e quarto, por assim dizer. Temos de ser compreensivos e entender e aceitar os ricos. São gente de carne e osso como nós, apenas mais feios e assim e ainda inócuos. Posto isto, espero que não nos tenhamos desviado muito do tema, mas também se não for para aprender algo e fazer o bem, o que é que andamos cá a fazer?!

Voltando aos tachos, que foi aquilo que aqui nos reuniu e não os cantões suíços, esta sobremesa é aquilo a que os mais armados ao pingarelho chamam de cheesecake. Traduzido à letra é apenas bolo de queijo. Ora um bolo de queijo leva queijo e pouco mais há a dizer sobre o assunto. Por cima, para disfarçar aromas e bactérias lácteas, coloca-se uma colorida calda de frutos do bosque bem como os próprios frutos. Como não temos por cá florestação digna desse nome, optámos pelos rústicos, mas marotos morangos. Pode decorar com morangos frescos, inteiros ou ‘rodelados’.  Por baixo de tudo isto, e agora desejo sinceramente que não tivessem já montado o preparado, leva uma camada de bolacha esmigalhada ou um bom crumble, que vai dar consistência e alguma graça a tudo o resto que leva por cima. Desculpem, mas com tanta aula de mundividência, esqueci-me de começar pelas fundações. Ainda bem que este doce permite vice-versa, ou seja, de qualquer maneira vai dar ao mesmo. No final, para verem como não sou despeitada, nem invejo o elevadíssimo nível de vida dos suíços, e que aquilo que me move mesmo é o amor à culinária, devo dizer que o bolo resulta e é bastante saboroso.

Ingredientes:

– Queijo para o grosso do preparado

– Morangos para a calda e a decoração

– Bolacha ou, melhor ainda, crumble para a base de tudo

Tempo de preparação:

Com estágio e workshops demora um pouco, não vale a pena mentir. Se for à aventura, uma hora, hora e meia, mas pode correr mal.

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