Categoria: Histórias Infantis para Adultos (Page 1 of 12)

Vamos colocar em pratos limpos alguns dos maiores enganos do universo infantil, lançando um foco de pós-modernidade e neurose sobre contos infantis que, com horrores de bisturi e ausência de anestesia, moldaram o espírito feminino durante milénios, deixando claro na mente ‘estrogénica’ as benesses do sacrifício, a alegria da dor, a felicidade da humilhação. Vamos repor a verdade dos factos, porque de parvas as miúdas têm apenas isto: NADA.

A Regra de Três Simples de Maria Francelina

Ela não sobrevivia três segundos sem atenção, três minutos sem um cigarro, três horas sem um vodka-qualquer-coisa, três dias sem ir às compras, três semanas sem um novo amante, e três meses sem umas boas pastilhas de qualquer coisa para combater aquela breve, mas intensa e persistente melancolia, ou seria apenas aborrecimento?

Numa existência desregrada, sem códigos ou ditames, estas eram as únicas leis, impostas naturalmente pela sua natureza volátil, a qual moldou ainda ao perfil hiperativo, para que nunca … Ler mais

O Capuchinho Encarnado e o Lobo Assim-Assim

A noite prometia e ela jurava-lhe ainda muito mais. Ó, se jurava. Agendara consigo própria uma noite alta-total-completa e absolutamente délabré, décapé e fulminantemente esquecível. Boémia e decadente. Burlesca, até, porque não?! Sim, também planeava beber até ao completo esquecimento, muito embora programasse momentos épicos e cenas feéricas que colocariam num velho chinelo longe da memória as melhores atuações do Cirque du Soleil e Cardinali de uma só vez. Dançaria até perder os sentidos e nada poderia deter a vontade … Ler mais

Os Cinco da Rua de Baixo Vão a Fátima

Na Rua de Baixo, que ficava exatamente abaixo da Rua de Cima, sendo ambas mediadas pela Rua do Meio, o universo parecia ter-se concertado para reproduzir em menos de 50 metros de comprimento e muito menos do que isso de largura, um exemplar de cada um dos vários tipos humanos. Um mostruário tão completo que até tínhamos um leproso, que é coisa que vai sendo rara por estes dias, e bem reveladora de como não se pouparam esforços para recriar … Ler mais

Como o fim do mês nos preocupa mais do que o fim do mundo

A imprensa dava conta de que a ciência tinha feito ensaios e ‘tostado’ o bosão de Higgs, criando a maior torrada do universo, ali para os lados da Baixa da Banheira, Lavradio, a qual figurava já no livro de records Guinness, uma cerveja nascida em Dublin, que ia muito bem com a mega ‘tosta’ de pescada tirada do rio na Barra-Cheia, ainda na embalagem do hipermercado e muito dentro do prazo de validade, que é uma idade validada, também ela, … Ler mais

Robinson Cruz-o-é, Sex-ta-Feira e Todos os Dias da Semana

Ela ouvia, tão absortamente e de forma tão intensa e concentrada que não conseguia ouvir, de facto, o que ele dizia, apenas o que ela calava. Tudo aquilo que sussurrava para dentro de um corpo que não era seu e com isso tinha aprendido a viver. A viver para dentro, sob o traço vago do seu próprio contorno, assumindo como sua única fronteira intransponível o seu interior. A sua mente. Os seus órgãos internos. As vísceras. Os ossos. Os pensamentos. … Ler mais

Meu Pé de Laranja Lima e Ginmoeiro

Enxertos. O marido era ótimo a enxertar. Só no pequeno quintal das traseiras do anexo que arrendavam aos sogros, tinham para mais de uma dúzia de árvores mágicas e esquizofrénicas. Cada uma delas aglutinava espécies diferentes, em número variável, suscitando nomenclaturas, elas próprias, híbridas e estapafúrdias. Macigueira, que tanto dava maçãs como figos, por vezes dava mesmo nada, que a seiva baralhava-se na entrega de informação específica e isto de fazer de Deus, já se sabe, é sempre labor complexo. … Ler mais

A Gansa dos Ovos de Ouro e Aquele Grande Tiro no Pé… de Meia

Tinha fixado um limite mínimo abaixo do qual não venderia. Por menos de cinco mil euros, não haveria negócio. Sabia bem o que tinha em seu poder. Era negociante há mais de duas décadas e sabia reconhecer talento e genialidade à légua. Aquilo era algo completamente novo e desafiante. Uma nova e inesperada linguagem tridimensional, com recurso a múltiplos media, onde se esculpiam retratos e cenas do quotidiano em suporte gigantesco. Não fosse a artista uma novata e bastante mais … Ler mais

O Lobo e as Ovelhas ou, Antes, Aquela Amiga Muito Cabra

Num misto de empatia, pena e odiosa revolta, Rubina compadecia-se e irritava-se com tudo aquilo. Claro que a comovia a situação de Ilda, sua amiga desde o início dos tempos. Mentira, desde o 6.º F, o que nesta fase das suas vidas era quase a mesma coisa do que desde sempre, que o que ficou para trás do 6.º F já pouco importava. Condoía-se com as lágrimas dela, com a dor visível naquele peito em chaga, no desespero do olhar, … Ler mais

O Rei dos Macacos e Dois Homens Ou Aquele Fogo Posto no Seu Peito

O Tinder tinha sido tender consigo. Tão tender e tão amigo.  Tinha mesmo! Oh, se tinha! Quando já tinha dado o caso como perdido e o assunto Amor arrumado a um canto, onde era já visível o pó, o caruncho e os condomínios de aracnídeos e outros bicharocos, eis que tudo muda. Era um otimista por natureza, mas a vida, ou as suas escolhas – no fundo são sempre as nossas escolhas, não é verdade? –, tinham abreviado expectativas e … Ler mais

O Homem e o Machado

Licínio Lenhador andava macambúzio. Todos o conheciam por Licas – sendo que por todos se devem contabilizar o vizinho do terceiro frente e o barbeiro da rua, que, de resto, se não fosse esse diminutivo, lhe arranjaria pronta alcunha, pois tinha quase 200 anos e todos lhe pareciam ainda gaiatos. Nem o Cajó do café Brisa Silvestre, um conhecimento de longa data, ia nesses atrevimentos, já que Licínio não era uma criatura popular, por vezes, mesmo, nem muito humana –, … Ler mais

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