Esta receita – devemos usar de sinceridade desde logo – NÃO é para principiantes. Qualquer um pode saber ou aprender a fazer empadas. Dominada a técnica base, qualquer inexperiente pode arriscar umas boas empadas com marisco, mas dominar o métier ao ponto de dispensar o próprio marisco numas empadas de marisco, meus amigos, e até caríssimos inimigos, isso não é para qualquer um. Assim, colocados amadores e profissionais no devido lugar do escrutínio, continuemos para este soberbo bingo do receituário económico.
Comece, obviamente por fazer a massa das empadas. Preferindo, compre umas bonitas empadas já confecionadas e retire-lhes o recheio da maneira que achar mais conveniente: ou abrindo-as como faria a uma carcaça (de pão, entenda-se, que a carne está caríssima), e, uma vez escancaradas, retirando-lhes o recheio, ou sugando este por um orifício discretamente aberto numa das extremidades ou na base da empada. Feito isto, ou seja, determinado o exterior, avance para o substrato interior.
Neste ponto, muita atenção. Não caia na esparrela simplista de, ignorando o princípio básico da receita, desatar a aldrabar tudo comprando marisco para evitar complicações. Não estamos a confecionar empadas com marisco. Estas são empadas DE marisco SEM MARISCO. O importante é iludir, ludibriar e enganar o palato à boa maneira gourmet, em que magníficas doses liliputianas nos dão a farta sensação de satisfação (quase nunca verídica de verdade, que uma pessoa pode comer com os olhos, mas o estômago não vai nisso). Aqui, basta a sugestão de marisco, um certo aroma a oceano Atlântico, a indução marítima, um certo sal marinho no palato e já tem o seu recheio no papo, que é como quem diz, terminado. A isto chama-se marketing gustativo. A isto se chama nova cozinha do mundo.
O empratamento também é fun-da-men-tal. Umas conchas vazias, uma estrela do mar a enfeitar, umas velas na mesa sobre um fundo de areia da praia, umas fotos da Arrábida… e já está.
Por hoje é tudo, e não têm nada a agradecer, que isto de poupar tem piada se puder ser partilhado.
Ingredientes:
– Quase tudo aquilo de que necessita para uma boa empada de marisco, exceto, lá está, o próprio marisco
– Decoração alusiva ao mundo marinho
– Ares de chef de cozinha
– Uma cozinha também ajuda a criar a imagem de bom cozinheiro
Tempo de preparação:
Como tenciona subtrair o recheio das empadas que comprar? Sempre vai comprar ou confecioná-las com base nos seus conhecimentos de massa de empada? Que tal são esses conhecimentos? É bom na parte decorativa e sugestiva? Pois, sem essa informação precisa, é complexo demais estar a avançar horas para a coisa, se fizer apenas uma empada, ou coisas, se for ambicioso.
Deixe um comentário