Agora que o calor começa a dar sinais de vida… suada e que já sentimos aquela saudade da chuva e do frio – nunca estamos satisfeitos, não é? –, comece por ir até Trás-os-Montes, principalmente se aspira à coisa verdadeira e não apenas a um qualquer sucedâneo. A viagem é linda e o destino mais ainda, e sempre deve ser um pouco mais fresco, mas isto sem garantias. Se já lá está, não saia do sítio, exceto para ir buscar, o feijão, no singular, as carnes, no plural, os temperos, também plural, e a hortaliça, no singular. Neste tipo de receitas regionais, atentar aos encantadores sotaques e não errar nem em género nem em número é de vital importância. Com tudo em casa, e estando a casa em Trás-os-Montes, entregue-se à estafadeira que é confecionar uma boa feijoada. Ele requer demolhar o feijão – nada de se entregar ao facilitismo dos frascos ou latas do mesmo que encontra no supermercado –, cozinhar carnes à parte, que aproveite o caldo desta cozedura para cozer a hortaliça num outro recipiente, que deixe que tudo apura, no final, no mesmo panelão, que os enchidos sejam de boa qualidade… esta receita não é para meninas nem totós, além de que é trans, o que ainda coloca algumas questões existenciais e de identidade. Mas já sabe, conta com todo o nosso apoio e sabedoria para o orientar. Força!
Ingredientes:
– Feijão verdadeiro e não do artificial
– Hortaliça
– Carnes
– Enchidos
– Temperos
– Determinação
– Empenho
– Suor
– Boas facas de cozinha e das outras também
– Trans q.b.
Tempo de preparação:
Sem incluir viagem – Dois dias, mínimo.
Com viagem – Uma semana, para apreciar a paisagem, ou apenas dois dias se viajar durante a noite, o que cobre qualquer tipo de distância continental, ou mesmo insular.
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