Claro que somos adeptos dos cinco R e de tudo o que seja reaproveitar e dar segundas oportunidades, que só não erra quem não vive. Um princípio que se aplica inclusive e principalmente na cozinha, onde desperdício é palavra maldita, ainda que possa ser bem pronunciada (se não apanharam esta não vamos pôr-nos a explicar trocadilhos que envolvem maldita e mal dito, ainda que receemos ter acabado de o fazer.)

Vamos, então, por partes. O lombo, obviamente, não entra na secção reciclagem já que deve ser o mais fresco possível, o que inclui congelado. Tudo o resto deve resultar de uma aprimorada otimização de restos. No recheio inclua tudo aquilo que possa resultar bem, o que vai desde bons enchidos ou uma porção de bacon que sobrou do pequeno-almoço (sim, há estômagos rústicos e muito bem apessoados que gostam de proteína animal logo pela manhã a acompanhar um saudável iogurte magro e modernas granolas), e que lhe permita não deitar fora ingredientes que, de outra forma, poderiam acabar inutilizados. Quando dizemos tudo não queremos dizer qualquer coisa. Atente no facto de a receita incluir frutos secos, pelo que tudo o que reunir em função do recheio deve com eles rimar e concordar, para que não resulte numa pasta que contradiga, em género e número, o belo lombo de porco que é fresquíssimo. Por frutos secos, entenda-se todos aqueles que já secaram, ou seja, que não são assim tão frescos quanto o lombo, por exemplo. Assim, não apenas dá propósito a sobras que poderiam não ter mais préstimo, como dá nova vida ao lombo, já para não referir que estará literalmente a salvar a vida a fruta que já pouca tinha. Pouca vida, entenda-se, isto de ter de explicar tudo é necessário, mas maça um pouco. Depois de resolvidas todas estas pertinentes questões, leve ao forno pré-aquecido blá, blá, blá… e sirva com uma salada, a qual não deve ser seca nem reciclada, porque com alimentos crus todo o cuidado é pouco.

Ingredientes:

– Lombo de porco

– Sobras disto e daquilo

– Fruta que já passou de fresca a seca

– Criatividade

– Forno

– Blá, blá, blá e alguma experiência em assados

– Salada fresquíssima para compensar o pretérito passado de tudo o resto

Tempo de preparação:

Ora, atendendo ao facto de que falamos de sobras de refeições que já demoraram o seu tempo a ser confecionadas, de fruta que teve de viver a sua fase áurea e já aguarda piores dias… Falamos de dias. Mas não se esqueça: o tempo é sempre aquilo que dele fazemos. Se estiver a fazer o bem, nem se aperceberá que ele está a passar. Ele, o tempo, pois claro!

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