Migas!!, se são do, ou estão no Alentejo, esta é para vocês. Se não são e não estão, corram já para lá. Mais do que qualquer outra coisa, esta é uma receita de vida, de sobrevivência e de bem-estar mental. Como julgam que os alentejanos sobreviveram tantas décadas à conta de pão molhado, arráteis de bacalhau (que nem a meio quilo chega, ficam ali no resvés), e alho, muito alho? Julgam, por ventura, que eram tão à frente do seu tempo que já se dedicavam a doses gourmet e a fastios vegan? Que eram frugais por modernidades extemporâneas? Aquilo que o prato da pobreza lhes negava, compensavam com cantes, bailaricos, poesia de improviso à desgarrada, saias de chita e migas, muitas migas. Nada alimenta mais a alma e fomenta mais a felicidade do que a amizade. Claro que umas bolas consistentes de pão duro demolhado e frito na gordura de umas boas carnes da última matança também ajudavam. Porém, quem lhes tirava a amizade, tirava-lhes tudo. Assim, mantenham-se migas umas das outras, aceitem as diferenças e reforcem as convergências. Para melhor degustar tudo isto, mais o entrecosto frito que as acompanha, vai uma modinha, migas?
Ingredientes:
– Migas aos molhos
– Alentejo com fartura
– Um porco
– Uma boa matança (deixem-se lá de frescuras vegetarianas), só assim se consegue entrecosto a gosto
– Banha para a fritura, tudo muito natural, sem processamentos idiotas, que o que é tradicional ainda é bom, se não mesmo melhor ainda
– Alho
– Massa de pimentão
– Alguma poesia
– Saia de chita é facultativa
– Bailarico é fundamental
– Pão. Sem ele nem se atreva a soletrar Alentejo
– Azeitonas para acompanhar
Tempo de preparação:
Não ligue a esse tipo de detalhe citadino. Aqui, o que conta é a amizade, pelo que quanto mais tempo de migas, melhor.
Nota:
Não confundir entrecosto com entre agosto, já que migas comem-se em qualquer altura do ano. Ele haja porco, pão e apetite.
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