Vinha de uma linhagem de mulheres secas. Secas e sérias. Mulheres substância, sem um único acessório que não sangue e nervos. Apenas seiva. Vida no estado puro, sem sensibilidadezinhas ou enfeites, adereços ou acessórios. Apenas o necessário para se ser gente. Apenas o necessário para sobreviver. Apenas o necessário. Nem mais, nem menos, nem qualquer outra coisa. Nem qualquer outra medida. Mulheres caladas que se expressavam nos atos, no agir, no fazer. Mulheres cujo pensamento não era adivinhável ou expectável senão no momento em que era expresso numa ação, num gesto, num olhar, num silêncio. Toda uma família de mulheres ciente de quão limitativa, insuficiente e castradora era a linguagem, porque os limites desta, e eram muitos, eram os limites do universo e o delas exigia ausência de fronteiras, liberdade para pensar fora das palavras, para lá de qualquer fronteira linguística, capacidade para acolher coisas que não tinham sido contempladas com palavras, ousadia para ver e sentir fora da gramática humana. Nesse sentido, eram mulheres-bicho, selvagens, perigosas. Perigosas porque livres, uma peça sem cabimento nos habituais puzzles sociais ou mesmo individuais. Nesse sentido, eram ainda loucas, insanas, incompreendidas. Temidas. Criminosas. Tudo isso era percetível. Tudo isso era real. Não apenas literalmente. Elas eram de verdade. Elas eram diferentes. Diziam aquilo que pensavam e em que acreditavam e agiam em função e conformidade. Pensamento, palavra e ação organizavam-se a uma só voz, obedecendo a uma entidade una que juntava a mente, a linguagem e a ação. Eram estranhas. Não entendiam eufemismos. Não amoleciam com paninhos quentes. Não amornavam com desculpas. Não se enganavam com palavras inteligentes. Não permitiam engodos nem eloquentes retóricas. Rejeitavam os feitiços da linguagem. Os malabarismos dos discursos vazios. As coisas eram. As coisas não eram. Assim-assim era um não lugar no seu mapa de conceitos. Um espaço vazio. Sem sentido. As coisas eram ou as coisas não eram.

Crescer no seio destas mulheres não tinha sido fácil e, em simultâneo, tinha sido bastante simples. A facilidade tinha uma enorme razão de ser: tudo tinha um lugar específico e apenas um lugar devido, pelo que os assuntos da vida e da vidinha se organizavam e arrumavam com destreza. O que estava certo, permanecia certo até outra certeza maior se lhe sobrepor, à semelhança das verificações científicas. Não havia dúbios entendimentos. O que estava certo, certo estava e um erro era um erro. A única forma de resolver um erro era cortar pela raiz qualquer hipótese de o perpetuar ou repetir. Era acautelar a sua propagação. Impedir os seus ecos. Daí o silêncio, já que as palavras, mais do que os atos, que requerem outro tipo de esforço e de entrega, enganavam, mentiam, ludibriavam. As palavras não eram coisas de verdade, apenas se colocavam no lugar das coisas. No lugar do real. As palavras representam apenas. Fazem de conta no lugar daquilo que significam, no lugar do significante. Estão no lugar das coisas reais. Fazem as vezes da realidade, principalmente na ausência das coisas nomeadas, achando mesmo que, se impronunciáveis, as coisas não existem. Apenas há, quando uma palavra o define, o diz. Não havendo, a realidade não assiste as coisas. A tal ponto que a realidade se subjuga ao dizível. Incorporam em si, no significado, toda a essência do significante. É a forma a tomar o lugar da massa, do bolo. A não coisa a tornar-se na própria coisa. Conscientes das deficiências e insuficiências da linguagem, estas mulheres, as da sua família, prestavam deferência ao silêncio.

A dificuldade residia naquela espécie de falta de afeto permanente, já que a linguagem mima, cuida, ou faz que cuida e quase protege. A palavra embala e afasta os medos. As palavras cantam-se e espiritualizam-se, em rituais que amortecem pequenos horrores da infância, que retardam o cabal conhecimento da dura realidade das coisas deste mundo.

Assim crescera Eduarda, rodeada de verdades cruas, de realidades simples, descomplicadas e duras. Não havia espaço para molezas. O que é mole vai abaixo, deixa-se marcar. Não se pretendia isso da vida. Quando uma velha tia-avó morrera, foi isso mesmo que lhe disseram, quando ela mal tinha idade para perceber a finitude de uma história, da vida, do ser humano. ‘E depois, o que acontece?’ perguntara num misto de horror e incompreensão, como quem pergunta o que se segue no enredo de uma história infantil. ‘Depois, nada. Morre-se e pronto. Nada há depois disso’, palavras da mãe, da avó e restantes tias. Nada. O que era nada? Há sempre um depois. Não havia. Exceto o enterro. Uma ou outra lágrima, que os sentimentos nem por isso secam com verdades, e o resto da vida para viver.

 

Percebeu pela primeira vez que experimentava a vida de forma diferente de todas as outras pessoas, quando foi para a escola. Eduarda percebeu que todas as crianças eram estranhas. Diziam e faziam coisas sem sentido. Choravam imenso e agiam como se o universo girasse em torno delas. E como todas elas falavam, gritavam e, por Deus, como todas elas berravam! Primeiro, achou liberdade e entusiasmo nesse mundo histriónico, gritado e choramingado, mas logo se cansou de tanto barulho. Tanto ruído. Tantas palavras desnecessárias. Nunca tinha assistido a uma birra. Não compreendeu a razão de ser ou o propósito de tal comportamento, mas entendeu como através dele facilmente se manipulavam os adultos. Mas não os adultos de Eduarda. Aquela criançada jamais sobreviveria um dia à sua família. Caíste, levanta-te. Chorar faz bem. Um abraço cura tudo. Um beijo chega. À noite, dorme-se sozinho. E assim se preparou Eduarda para a vida. Para o futuro. Para a perda e para a dor. Também para a felicidade. É muito mais simples ser-se feliz quando os sonhos e as ambições se resumem à simplicidade e à liberdade, do pensar e do agir.

A diferença sai cara e por ser obviamente diferente, tentaram intimidá-la, humilhá-la, oprimi-la… Ah, se eles soubessem que Eduarda já, então, tinha solução para tudo isso. Cercada no recreio, por miúdos mais velhos que tentavam despi-la, para mostrar a todos como ela era diferente, um extraterrestre, uma bruxa, Eduarda não se questionou ou tentou perceber o que queriam dela. Sabia apenas o que tinha a fazer. Nada de choros. Nada de gritos. Nada de argumentos. Eduarda fincou unhas, dentes e punhos a todos os que dela se acercaram. Partiu ossos e rasgou lábios com os próprios dentes, arrancou pele com as suas garras, pulverizou-os com os seus olhares tóxicos e fez o que viu a mãe fazer perante um patrão que ousou roçar-lhe a mão no rabo: avançou sem parar até bater com a cabeça do homem na parede. Tornou-se intocável. Respeitada. Temida, ou o que quer que seja. Mais ainda porque jamais comentou o que quer que fosse com quem quer que fosse sobre o assunto. Um assunto resolvido, sabia-o bem, era um não assunto. Caso arrumado. Desinfetam-se os arranhões e prossegue-se caminho.

As mulheres seiva de Eduarda, sobreviviam sozinhas, felizes, sofridas ou amputadas, mas amparavam-se mutuamente num enorme laço de silêncio e compreensão muda. Uma irmandade cerrada, como as de quem guarda um segredo, como as de quem comunga algo maior, uma verdade comum. Era um bicho com muitas cabeças. Um núcleo cerrado. Uma ajuda silenciosa e parca, uma ajuda garantida. Minimal, mas fortíssima. Uma canja na constipação. Um serão ou dois na viuvez. A presença nos casamentos e funerais, todos sem exceção. Não pela festa, não pela dor, mas pela solidariedade. As palavras eram dispensáveis. A presença não. Eram, por isso, mulheres presentes. Compactas e opacas. Dava-se por elas, como velas de navio. Enfunavam a vida. Moviam a nave. Enfrentavam a tormenta. Içadas. Gigantes. Presentes. Sólidas. Fiáveis. Antes isso do que beijoquices e gritarias. Música aceitavam-na de bom grado, fora isso, tudo era ruído, desnecessário, excessivo. Eram mulheres timoneiras. Conhecedoras dos trilhos e das estrelas. Coisas que se veem e perseguem bem no silêncio. Na solidão, até. Não fugiam da felicidade, apenas a encontravam nas pequenas coisas. Sem alaridos. Sem excitações. Sem desmesura. Um sorriso, o sol. Uma gargalhada, a brisa. Se inicialmente, mesmo muito no início, se encantou com as outras formas de vida, logo, logo Eduarda se congratulou por também ela ser uma mulher seiva. Toda ela informação precisa. Toda ela húmus e substrato. Toda ela punhos em riste. Toda ela intuição. As outras que dessem flor. Ela daria sombra e abrigo. As outras que desenvolvessem caprichos. Ela cultivaria a verdade. O silêncio da razão. Esta impõe-se pelo silêncio da naturalidade, pois o que está certo, sempre estará, mesmo quando os ventos mudam, mesmo quando as vontades se alteram. Há sempre algo que resta. Que fica. Todos acabam por ver o que sempre sobeja. Ela sobejaria na vida dos outros, como as mulheres da sua família sobejavam na sua. Elas proviam. Alimentavam. Nutriam. Protegiam. Silenciavam, não calavam.

Tal como raiz sã em solo fértil, Eduarda tudo absorveu. Tudo aprendeu. Tudo guardou dentro de si. Teve mérito na academia. Teve honras intelectuais. Teve até amores. Mas poucos homens sobrevivem a mulheres tronco. Mulheres que se bastam a si mesmas. Ela deixou que alguns viajassem à boleia das suas velas enfunadas, no abrigo do cesto de gávea, mas poucos se contentavam com a benesse de gritar terra à vista, quando quem dirige já sabe que ruma para terra e que esta estará sempre no final do seu trajeto. Aprendeu a amar de forma sólida e consistente com as suas mulheres seiva, mas tal como elas não admitia perdoar. Perdoar era assegurar que os erros dos outros não importavam, não magoavam, quando importavam e magoavam e muito. Assim, foram alguns os homens que avistaram terra nas suas rotas, mas todos acabavam num qualquer porto do quotidiano, presos a uma mentira, a uma infidelidade, a um qualquer orgulho ou deslise. Largava-os na primeira ilha. Ela já partira de novo na sua nau, feita de madeira pela qual circulava, com bom fluxo, a mais pura seiva, o mais honesto propósito: apenas vogar.

By Antonio Mora

No mundo navegável de Eduarda não havia amores eternos, ambições desmesuradas, eloquentes provas de amor, surpresas inacreditáveis… nada arrebatador, porque o superlativo está nas palavras, mais do que nos atos e jamais na banalidade. É a linguagem que coloca lupas de aumentar ou de encolher sobre os acontecimentos. Estes limitam-se a acontecer, a ser e a estar lá quando assim tem de ser. Eduarda tinha aprendido que o único amor digno de toda essa grandiosidade e adjetivação, era o verdadeiro e por este entenda-se aquele que nasce espontaneamente no coração, mente e corpo de alguém e com estes mantém um diálogo verdadeiro. Sem falsidades. Sem mentiras. Sem propósito outro que não apenas amar. Claro que a teoria se compraz mais facilmente com este tipo de coisas do que o dia a dia. A vida acontece e com ela as palavras, os mal-entendidos, os ditos pelos não ditos e tudo se resume a palavras mal calibradas, a atos desonestos e egoístas, a coisas parvas que ‘desamoram’ as relações.

Um dia, Eduarda quase se perdeu da sua rota. Amava. Era feliz. Entregou-se ao mundo dos outros. Pé ante pé, as meias verdades começaram a surgir. Fez como todos os outros: que não tinha visto, que não se tinha apercebido, que não tinha importância. Vieram depois, falsidades, representações de amor e de verdade, embrulhadas em enredos complexos, que denunciavam argúcia e intencionalidade de esconder, de enganar. Mal tinha dado por isso e, lá estava. Sem pudor. Sem reserva. Sem marcação prévia. Bruta e nua. Já nem a preocupação de disfarçar, de simular respeito. A mentira como propósito. Não fazia sentido. Há sempre verdades possíveis. Alternativas. Se deixou de amar, deixou de amar. Não invente que ama ainda. Se ainda ama, não minta. Porquê mentir? Para não magoar? Como assim? O que magoa é a mentira. A falsidade. Não entendia a lógica da coisa. Era doentio.

Passou a vigiar, a estar atenta, quase a odiar. Parou. Não conseguia odiar, apenas se permitia deixar de amar. Não podia vigiar. Não podia supervisionar o seu amor. Apenas ao lado se pode experimentar o amor. Jamais atrás. Não podia escrutinar os passos do outro. Isso não seria jamais amor. Liberdade. Felicidade. Para si, era simples. Deixou de amar e anunciou. O outro não gostou. Sentiu-se humilhado. Traído. Quis saber quem era o outro. O outro era o seu desamor, ele não entendia? Eduarda via-se de fora a ouvir aquele estranho dizer coisas sem lógica. Se ele próprio já teria uma amante, qual o propósito do escândalo? Porque não aproveitava a oportunidade de sair de tudo aquilo de forma tranquila, servindo-se da coragem dela, do esforço dela, das palavras e atos dela? Quis vingança. Quis que ela ficasse. Quis forçá-la. Possuí-la. Ele não sabia – como poderia ele nunca ter desconfiado da natureza dela? Não sabia que ela apenas diria o necessário, que não entraria em eloquências sentimentais, não argumentaria, nem ficaria a ouvir palavras de sobra. As que bastavam, bastavam e essas tinha-as ela dito todas. Ele tenta subir-lhe a saia. Baixar-lhe as cuecas. Esbofeteia-a. Esmurra-a. Força-a ainda.

Ele profere palavras hediondas, horrendas, brutais. As palavras não a magoam, pois que ela não lhes presta vassalagem. Mas os atos dele doem. Ele… Ele já não tenta seja o que for. Não pode. De nada mais será capaz. Ele está morto. A cabeça contra a parede. Uma esquina e, finalmente o silêncio. Aquilo não era amor. Era outra coisa que Eduarda não compreendia. Porquê a necessidade de posse de uma coisa que já não se ama? Recordava as colegas de escola primária que faziam birras acerca de coisas que, ainda o choro ia a meio e já não tinham a menor importância, mas depois de se começar uma birra, a fim de manter a face, ou coisa que o valha, leva-se a birra até às últimas consequências. Chora-se até à convulsão. Alguém terá de ceder. Os pais, por norma, cediam, os professores também o faziam bastantes vezes. Ganhava quem não tinha razão. Era estranho como as coisas funcionavam. Vencia o capricho. A vontade do mais tolo. Mas para Eduarda, um não era um não. Ele deveria saber isso, se realmente a amava e se de facto a queria tanto ao ponto de a tentar violar…? Que ato tão cruel e sem sentido. Ele quis muito violar uma mulher que traía e que, à conta disso, já não o amava. Isso não é amor. Isso não é sequer ódio. Isso é apenas estúpido. Eduarda, olhando para o homem morto, a seus pés, achou curioso ter amado um estúpido e apenas o ter percebido de forma tão dramática. Apenas perto daquela conclusão inesperada. Era mulher lógica e pragmática, adepta da verdade. Procurou o telefone, ligou ao advogado e à polícia. Por esta ordem, que a lógia faz falta nos momentos de maior silêncio. Prestou contas dos seus atos. Legítima defesa. Um golpe fatal não premeditado. Um azar.

A verdade não é suficiente e o tribunal não se compadece com azares ou coincidências. E estas eram muitas. Demasiadas. Indesculpáveis. A sua avó tinha matado o marido quando este avançou para si com um machado. A sua mãe ficara viúva após o pai de Eduarda ter caído a um poço, ou se ter suicidado ou, como agora fazia crer o advogado do atual defunto, ter sido assassinado pela própria mulher. Não havia motivo de maior. Fortunas a herdar ou outro tipo de benefício material. Apenas se jogava a liberdade. A vida sem grilhões ou nódoas negras. Uma tia de Eduarda tinha matado um meio-irmão com uma navalha quando este se preparava para repetir o ritual diário da violação que todos pareciam não querer ver… Aos olhos do tribunal, esta era uma família do demo. Eduarda vinha de uma linhagem de mulheres assassinas, vingativas, doentias. As circunstâncias não contavam, os abusos não eram contabilizados, a franqueza com que todas elas tinham abertamente confessado os seus atos era vista como premeditada inteligência, descartava-se a culpa de uma sociedade machista e idolatrava-se a santa e sagrada família, onde deveria vingar o amor e não o ódio. Mas tinha sido precisamente a família a torturar estas mulheres, com a diferença de que estas mulheres gostavam de ser livres. Apenas as mortes, os laços sanguíneos que uniam Eduarda a um bando de assassinas eram contabilizados, comentados, dissecados, noticiados. Em sua defesa, Eduarda disse apenas, sem lágrimas ou remorsos, que ele a tentava violar. Ela não deixou. Ele bateu-lhe, ela bateu-lhe de volta. Ele bateu com a cabeça contra a parede. Ao cair embateu numa esquina. Já não abriu os olhos.

Não foi suficiente. O juiz solicitava arrependimento, choro, algum dramatismo e histeria. Eduarda não providenciou nada disso. Em silêncio, as suas mulheres seiva acompanhavam o seu infortúnio. Um abraço tudo cura. Um beijo basta. E curava. E bastava. A sua presença já era suficiente. Houve sentença. Queriam-na fazer pagar por todas as outras. Não era justo. Associações feministas davam o seu parecer. Os jornais as suas próprias sentenças. Estas mulheres, para alguns bruxas insensíveis, eram vistas por outros como gente de fibra, da qual todas as mulheres e qualquer vítima deveria ser feita.

Magras, enlutadas, secas, sérias, áridas. Pareciam carregar nos ombros todos os pecados do mundo. O mais incompreensível, num mundo de palavras, era o seu pesado silêncio. Eduarda não deveria estar a ser julgada por outras suspeitas de crimes. Que justiça estávamos a alimentar. Ela era tão e somente uma única mulher presa às suas circunstâncias. Assim clamara o seu advogado, assim entendera, finalmente, o juiz. Assim saía em liberdade a séria e bela Eduarda. Uma mulher que não se deixou violar. Sim, os maridos, os pais e parentes mais próximos violam, no aconchego das ditas famílias funcionais e até exemplares, e com eles não se deve pactuar. Mesmo em silêncio, mesmo caladas, agir é imperioso. Esta a mensagem que ficou.

Como sombras sem peso ou espessura, as mulheres seiva rodearam Eduarda, como um bando na hora da partida para uma longa migração, para o abraço único, o beijo singelo, a presença tranquilizadora. Um quase sorriso apenas de gratidão, que ali não se celebram vitórias, não se festejam mundanidades. Uma comunhão silenciosa. Sólida. Comovente. Secreta. Enigmática. Mulheres sobreviventes que assumiam a sua singularidade, a sua determinação em não incomodar, em não serem incomodadas.

Antes da despedida, uma única frase: ‘Desta, quase não nos safávamos!’

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