Ui, aristocracia na cozinha. Fujam! Esta é daquelas receitas para enganar pobrezinhos, mas apenas aqueles que não trabalhavam na cozinha do dito conde, já que esses sabiam bem quem cozinhava lá em casa. Ainda que não se deixe claro de que guarda falamos, e tendo em conta que a florestal já não existe, partimos aqui do princípio de que o conde era da GNR. Dada a antiguidade da receita e ao português arcaico, que mal deixa perceber o que quer que seja, e assumindo, à semelhança de outros condes que conhecemos, que o referido na receita jamais pôs os pés na cozinha sem ser para se insinuar à criadagem feminina mais nova e roliça, entendemos que o peixe se acabou por designar de conde da guarda, por ser morto à pistola. Se tudo correu pelo melhor, desejamos que tenha sido, e seja sempre, com um único tiro certeiro na cabeça da presa (que ainda andava solta por altura do tiroteio). Não apenas o animal não sofre, como não se desperdiça carne do lombo, única presa que vale a pena comer nos peixes, e não nos venham lá com bochechas e olhos que isso mete um pouco de nojo. Resumindo, tudo aquilo de que vai necessitar é de uma arma militar, deve haver stock avulso ainda dos restos de coleção do roubo de Tancos, e boa pontaria. O peixe, para facilitar, será aquele a que consiga atirar. Uma receita que une aquilo de que, de facto, a aristocracia mais gostava: desporto, boa mesa e boas serviçais. Uma herança ainda hoje patente nalguns descendentes dessa estirpe tão debochada.
Ingredientes:
– Uma peça do arsenal de Tancos que permita dar tiros certeiros, para não se desperdiçar comida
– Um peixe sobre o qual atirar
Tempo de preparação:
Se tiver serviçais, nem vai saber. Se não tiver… é só fazer as contas, ou solicitar a um bom contabilista que as faça.
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