Alerta à navegação: o álcool é para as peras, daí se adjetivarem de bêbedas que nem cachos, e não para o cozinheiro. Se reparar, a receita nem fala do cozinheiro, quanto mais das doses de álcool que lhe estão destinadas. Nós só percebemos cabalmente essa parte depois, pelo que… enfim, faremos o melhor que conseguirmos.

Tem peras? Estão bêbedas? Parecem, não parecem? Agrupam-se, na sua alegre perceção, que nem uvas num tacho? Perdão, num cacho? Então já tem tudo. A vida é mesmo simples, não é?

Tem peras? Estão sóbrias? Tem a certeza? Nesse caso, e apenas nesse caso, mergulhe-as em muito, muito álcool do bom. Não guarde o melhor Porto para outra ocasião, que esta já requer a melhor atenção e o dia de amanhã é uma incógnita. Bourbon? Gin? Vodka? Licor? Brandy Carlile? (Ahahahah) Aguardente? Apenas vinho da box? Força. Mergulhe-as, incendeie-as um pouco dizendo que é flambê e asse tudo, ou coza, ou apenas leve ao micro-ondas, que ninguém está a ver. Os vapores da cozinha enublaram essa parte da nossa tentativa de cozinhar esta receita e a memória já não é o que era, nem o fígado, depois de tudo isto. Ninguém sobrevive sóbrio a esta experiência de afogamento alcoólico flamejado, pelo que as suas peras já estarão no ponto. Depois, porque estão bêbedas, pode somar-lhes o que mais entender, que as peras não se vão incomodar, felizes e leves que se sentem.

Ideal para este Natal, ou para qualquer outro, que as receitas não têm prazo de validade.

Ingredientes:

– Peras (quanto mais bêbedas melhor). No caso de peras sóbrias tem de as embriagar com o que de melhor tiver em casa. Não seja forreta, que disso depende o sucesso da ressaca.

– Álcool do bom, guarde o etílico para alguma ferida que ocorra por conta de um tropeção ou queda, que a receita é arisca e é na cozinha e na casa de banho que ocorre o maior número de acidentes domésticos. As estatísticas não mente, exceto quando o fazem.

– Um recipiente para abrasar e acamar (e acalmar também) esta experiência laboratorial

Tempo de preparação:

Ora, entrámos na cozinha no dia… deixa ver, era uma quinta-feira, já tinham passado um ou dois confinamentos, mais a Páscoa… Seria abril, por aí, e fomos encontrados… Tanto esforço, para quê? Descubram, que vai ser giro. A sério!

Poached pear in red wine with spices

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