Quiche cozinhar, mas já não quero. Acontece-nos muitas vezes. Tantas e tantas vezes que já lhe perdemos a conta. Pensamos em cozinhar. Achamos que nos está a apetecer. Que temos uma ideia que pode resultar numa nova receita. Olhamos para ingredientes rocambolescos e dá-nos uma espécie de desejo de colocar em prática um inesperado casamento de sabores. Ouvimos alguém gabar-se de uma experiência culinária bem-sucedida e acreditamos que faremos o mesmo, mas ainda melhor. É tudo mentira. Uma grande (des)ilusão. É tudo uma vã impressão de quem tem sempre mais olhos do que barriga. De quem aprecia mais os planos do que as execuções. No fundo, de quem não tem mão para a cozinha, ou, tendo-a, não é a mão certa, por custar a distinguir esquerda de direita quando se está a morrer de tédio, ou porque o que já se tem em mãos é uma mão cheia de outras possibilidades bastante mais apetitosas. Cozinhar ou ler? Cozinhar ou piscina? Cozinhar ou praia? Cozinhar ou passear? Cozinhar ou fazer palavras cruzadas? Cozinhar ou não cozinhar? Cozinhar ou descarregar sozinho um navio mercante? Cozinhar ou encomendar e ter a oportunidade de ter contacto com o mundo exterior por via do senhor do take away? Acabamos sempre na segunda opção. Esta a origem desta receita escandalosa de boa.
Ingredientes:
– Vontade para tudo, qualquer coisa mesmo, menos para cozinhar
Tempo de preparação:
Aqui reside o maior encanto desta receita: todo o tempo do mundo.
Deixe um comentário