Ainda bem que não é roupa suja! Posto isto, feito o desabafo, sigamos em frente. Ora, Roupa Velha, e neste caso Gira, o que é? É um prato típico do pós-Natal, principalmente a Norte. Um prato que tem tanto de prático quanto de pragmático. Prático, porque já tem tudo em casa e até já está cozinhado. Pragmático, porque impede de forma caseira o desperdício doméstico. A receita resume-se, tão simplesmente, a juntar tudo aquilo que serviu de refeição à ceia de Natal. Pode triturar tudo, voltar a dar-lhe outra fervura… O importante é que as sobras (por favor, não confundir com restos de cada um dos pratos), são aproveitadas e, com uma nova roupagem, como se diz por aí agora, vai parecer um novo prato sem ter de se levantar cedo, depois de uma noite de festa, para pensar e confecionar uma nova receita. Pode esquecer tudo o que aqui foi escrito e apenas cozinhar aquilo que lhe apetecer sem sair do registo da receita, desde que, e isto agora é de vital importância, esteja vestido com roupa velha.
Deveras importante: Parece que a ideia original não é misturar sobras de marisco, doçaria, fritos e jantar, seja entre si, seja entre todos. Apenas os restos do prato principal do jantar são contemplado, sendo que os mais puristas apenas aceitam roupa velha de bacalhau cozido com couves e batatas e tal. Mas quanto a este último alerta, não se sinta tão constrangido. Se jantou carne, também pode picar tudo e fazer um ótimo empadão ou arroz de qualquer coisa ou colocar tudo em massa folhada… Se os mais ortodoxos insistirem que isso não é roupa velha, chame-lhe outra coisa qualquer e não se meta em discussões com pessoas que ligam muito à cozinha e à culinária.
Nota: Já o dissemos, mas nunca é demais repetir: Por favor, não confunda roupa velha com roupa suja. Este ponto é deveras importante.
Ingredientes:
Todos aqueles que sobrarem do jantar de Natal. Logo, só cada um é que sabe quais são.
Tempo de preparação:
Pouco tempo. Quer dizer, já tem tudo em casa. Já está tudo cozinhado, basta misturar e servir de novo. Bem-haja os nossos avós, chefs de mão cheia sem se armarem ao pingarelho nem ao gourmet. A isto chama-se cozinha conscienciosa com desperdício zero.
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