Todos saberão fazer um bom molho de gengibre, pelo que saltaremos essa parte básica da receita e dedicar-nos-emos ao esfalfamento do salmão. Esta parte requer arte. Antes de mais, assegure-se de que o salmão chega morto à bancada da sua cozinha, pois a ideia não é suar o pobrezinho numa panela com água a ferver como uns e outros fazem às desgraçadas das lagostas, caracóis e afins da mariscada. Tem salmão? Está defunto? Ótimo. Não tome como certo o óbito do animal. Não se esqueça de que migra horrores, milhas e milhas entre água salgada e doce, que sobe rios contra a corrente, apenas para desovar, que consegue escapar a inúmeros predadores famintos, como ursos esganados, águias-carecas, ou de cabeça branca famintas e outras tantas contrariedade da vida selvagem. É um bicho incrível e resiliente. Pode apenas estar a fazer-se de morto. Não lhe tire os olhos de cima, até estar certo de que é cadáver e que chegou à sua cozinha verdadeiramente esfalfado, pelo que não pode ter tido a vida facilitada num qualquer desumano viveiro. Pegue, então, em postas do bicho já morto e coloque-as em água a ferver. O chamado entalão, e nem precisa ser dos mais caros. Retire quando a cor rosada estiver a roçar degradés de pastel. Coloque numa travessa e, por cima, espalhe o molho de gengibre. Está pronto a servir de exemplo para os seus amigos, que jamais descobrirão qual o segredo do seu molho de gengibre. Faz muito bem. O segredo é a calma do negócio. Quem tem um segredo de sucesso, está sempre calmo, já reparou? É o seu caso, bem se vê!
Ingredientes:
– Salmão defunto (não confundir com fumado) e bem esfalfado, devido ao esforço
– Água a ferver
– Um bom entalão (pode ser dos mais baratos)
– Molho
– Gengibre
– Um segredo genial para tornar tudo ainda mais apetitoso
Tempo de preparação:
Muito pouco, exceto para o molho, mas nesse você é exímio, já sabemos.
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