O que mais desejávamos no mundo, do fundo do coração, além de acabar com a guerra e a fome no planeta inteiro, era poder partilhar esta receita consigo, mas não podemos. Como se explica, são procedimentos secretos, do mais sigiloso e delicado que existe, pelo que não contem connosco. Já nos basta a Siri, a Alexa, agora o Putin-Que-Pariu, mais os espiões do Le Carré e a vizinhança pidesca a cuscar sempre que trazemos um porco para o apartamento. Esta receita é um 007 da cozinha. Top Secret. For our eyes only. Partilhar o segredo implicaria a sua morte, sim, a sua, não do espião, nem do porco soviético, coitado – pode ser mesmo apenas um nome de código – pelo que, atente que é pelo seu bem que nada contamos. Por isso, agora vou sussurrar –, é que esta é uma receita só para ‘migas do peito’ e companheiros de luta, incapazes, mais uns do que outras, de confessar o que quer que seja, mesmo sob tortura ou quando forçados a ver canais generalistas num domingo à tarde, ou à noite, ou de manhã. Vivemos tempos bizarros, os russos andam aí e o segredo e a resistência à denúncia são a alma de um povo. Trate do porco soviético como mais lhe apetecer e junte os amigos à roda da fogueira em amena conspiração.

Ingredientes:

– Secretismo total

– Um porco soviético para disfarçar, ou como nome de código, ou mesmo para aviar ao lume

– ‘Migas’ com quem possa realmente contar – seja criterioso e elitista, que um segredo só o é enquanto e se não for revelado

– Companheiros de luta, daqueles que já o viram bêbedo/a e a fazer as mais tristes figuras e o ajudaram sem o menor pingo de vergonha, crítica ou julgamento

Tempo de preparação:

Tendo em conta que a internet matou os segredos, boa sorte a ter um, boa sorte a mantê-lo e ainda a encontrar pessoas que o ajudem a guardá-lo (TV generalista pode deitar tudo a perder).

 

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