Muitas pessoas, nem imagina quantas, não compreendem esta receita. Simplesmente não conseguem. Há que ser entendido em subentendidos, ser ágil no português e ter alguma cultura cinematográfica. Caso contrário, uma simples e demasiado rápida leitura e já estão todos com a mão na massa, a avançar para uma tarte de gila. Não é disso que falamos. Do que tratamos, nesta não-receita, de divinais contornos, é de um épico do palato artístico, do número um dos tops de sensualidade gustativa. Para tal, umas simples pipocas, se assim o entender, bastam. O resto passa-se no grande ecrã à sua frente, onde Rita Hayworth protagoniza o mais célebre e atrevido striptease da história da sétima arte, retirando apenas e tão-somente… uma luva. Isso mesmo, até nos ingredientes se economiza e receitas económicas são as novas receitas caras. A história é um clássico das relações humanas, amorosas e afins. Há ciúme, traição e vingança. Tudo ingredientes de primeira, confecionados com habilidade e servidos com requinte. Apesar do tema não ser novidade, é contado com mestria e a ruiva sabe como alimentar a atenção deles e delas. Rume já à plateia. É verdade, a miúda chama-se Gilda e o filme também. Ele é mais canastrão, é certo, mas há quem goste. O mais importante de tudo: tem de ser de tarde. Caso contrário, jamais seria Tarde de Gilda, correto? Compreende? Não? Ó, Diabo, então, vais desculpar-nos, mas isto não é para si.

Ingredientes:

– Boa Internet, para que consiga ver o filme em condições

know-how em pirataria informática, para saber onde descarregar o filme à borla. Outra possibilidade será…

– …Um cinema de bairro com algum ciclo de clássicos onde o filme ‘Gilda’ possa ser contemplado

– Pipocas, para quem gosta

– Uma tarde livre

Tempo de preparação:

O filme, de Charles Vidor, tem a duração de 1h50, mas some-lhe o tempo de chegar ao cinema, ou de descarregar a película, mais o de fazer ou comprar as pipocas, sentar-se, ver alguns anúncios, mudar o telefone para modo de voo, enfim… É só fazer as contas.

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