Todas as receitas de alma e pendor totalmente contemporâneo, não se limitam a cozinhar ingredientes, elas também mesclam palavras e seus antónimos, ou quase, com habilidades gramaticais de chef, os quais tentam mostrar-nos toda a nossa pouca sofisticação e o seu gigantesco know-how, apenas por enunciar-se o nome das suas criações culinárias. Desconcertante, este é um desses maravilhosos casos da alarvidade gastronómica do momento, em que os cozinheiros insistem em ser chefs, não percebendo que acima destes ainda há os patrões. Senão, veja-se este nosso caso, este mesmo que temos entre mãos: o empadão, em vez de ser de batata é de nabo, a carne é de peixe e o grão de mestre. Divertido, disruptivo e, provavelmente, muito mau, mas isso só se pode avaliar no final. Além de que, se há uma coisa certa nesta vida, é que há, de facto, gostos para tudo. Provavelmente, até para isto. Assim, quanto ao puré de nabo e à carne de bacalhau, nada há a explicar, que já percebemos que escrevemos para um público altamente esclarecido. Tudo se complica quando assomamos o primeiro M da receita. Claro que grão não levanta questões, pelo menos, não muitas, mas sendo grão-mestre é necessário conhecer alguém com um título honorífico ou de mérito, e suplicar que ele supervisione todos os restantes ingredientes. O mesmo é dizer que não apenas tem de encontrar o dito cujo, como este tem de ser simpático para embarcar nesta ‘caldeirada’ e ter tempo para tal. Complexo. Conseguido isso, o seu prato está feito.

Ingredientes:

– Nabo

– Carne de bacalhau

– Puré de várias coisas

– Detetive privado, para encontrar o tal Grão-Mestre simpático e com tempo disponível

– Tempo de espera

Tempo de preparação:

Qual é o seu palpite? É que o nosso é péssimo.

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