Os sonhos são uma abstração enquanto não encaixam na palma da nossa mão. Uma vez aconchegados no nicho dos possíveis, uma vez batido o record, a insatisfação, tinhosa e insaciável, prossegue o seu rumo, a vida retoma o seu caminho e ritmo e o coração volta a bater descompassado. Tudo se reequilibra de novo no rotineiro insucesso do quotidiano. Todos os olhos e aspirações ganham poiso lá mais à frente, no insondável desejo de qualquer outra coisa e isso estava … Ler mais
… Ler mais
Tem imenso em que pensar, uma via profissional intensa que consome toda a sua atividade social, o frigorifico na penúria e a despensa meio depenada, mas gostaria de impressionar o Otávio do financeiro, a quem, assim como quem não tem o menor interesse, disse, de raspão, que poderia passar lá por casa para experimentar uma das suas especialidades culinárias? Sente-se agora perdida e mais do que arrependida por tão ousada manobra para quem odeia cozinhar e nem tem assim tanto … Ler mais
Berta Brites estava exausta. Farta de tudo até ao tutano. Farta, farta, farta. Apenas a balança do prazer não tinha com o que se fartar, nem mesmo com o que se satisfazer. Tudo o resto excedia os limites do suportável, puxando para níveis negativos o prato do cansaço e do desespero. Nada havia para contrabalançar o carrego das injúrias. Prisioneira num mundo que não tinha desejado, ligada a pessoas que não estimava e que dela se serviam sem pingo de … Ler mais
… Ler mais

Pão de Deus Dará
Esta é daquelas receitas que dependem de um único ingrediente, mas que, por norma, exigem um segundo. O primeiro é o pão, neste caso já confecionado e não ingredientes soltos a necessitarem de um plano bem engendrado por uma estratégia culinária que os una para todos o sempre. Claro que se pretender estar do outro lado da receita, pode sempre confecionar ou comprar o pão e esperar que lho solicitem, para se sentir piedoso e assim.
Ora bem, onde íamos? … Ler mais
Ela não sobrevivia três segundos sem atenção, três minutos sem um cigarro, três horas sem um vodka-qualquer-coisa, três dias sem ir às compras, três semanas sem um novo amante, e três meses sem umas boas pastilhas de qualquer coisa para combater aquela breve, mas intensa e persistente melancolia, ou seria apenas aborrecimento?
Numa existência desregrada, sem códigos ou ditames, estas eram as únicas leis, impostas naturalmente pela sua natureza volátil, a qual moldou ainda ao perfil hiperativo, para que nunca … Ler mais
… Ler mais
Por oposição às saladas quentes, nada apetecíveis no verão – ainda que não seja isso que vivemos por estes dias de alternância verão/inverno –, as saladas frias são aquilo que mais se deseja à beira da água, seja em alto mar, a bordo do veleiro de 30 metros e quatro andares, seja com os pés a refrescarem-se naquela pequena piscina insuflável comprada nas megastores chinesas. Vale tudo, menos saladas quentes, como se percebe. Percebes também não seria uma má opção, … Ler mais

Lá estávamos nós
Lá estávamos nós. No ar. Suspensos no pulo. Sacudindo o pó do chão e os anos do corpo. Subtraindo à vida anos de consumo efetivo. Saliva e suor parados no instantâneo das fotos, enquanto cabelos em desalinho substantivavam o movimento, a euforia e mostravam à compreensão a música que os ouvidos não podiam ouvir. Qual seria naquele momento?! Uma velharia qualquer, das boas. Uma velharia como nós. Quando foi que começámos a falar de joanetes e implantes mamários para insuflar … Ler mais
Comentários recentes