Esta receita nasceu para celebrar a abertura de portas do mundo, após um período para esquecer que foi também um tempo de esquecimento, seguido de imediato de uma guerra que ainda se mantém e de tantas outras incredulidades que nós nos apeteceu esborrachar bolachas sem intervalos. É certo que pavê soa mal, ainda que saiba bem, e lembra, desde logo, alguém com sérios problemas de dicção, que talvez pretendesse dizer que algo era ‘para ver’, mas que devido a dificuldades ou afetações sociais não consegue articular mais do que pavê. Lembra ainda pavimento, o que remete para pélvico, mas fiquemo-nos por aqui, para que a imagem não se torne demasiado gráfica e pobrezinha.
Este pavê é uma versão pós-confinamentos sucessivos, mas já com receios bélicos à mistura, pelo que exige que vá a Lima, no Peru, sim, e que por lá fique até dominar a movida dos pavês e o armistício não seja tanto uma miragem como ainda é. Vai aprender, finalmente, a trabalhar com folhas de gelatina e aquele liquidificador que a sua sogra lhe ofereceu num aniversário, achando que pequenos eletrodomésticos eram a sua predileção. O resto já você sabe identificar, uma vez que latas de leite condensado ou outras embalagens de supermercado são do domínio comum e uma lata todos conseguimos abrir, com menor ou maior esforço. Bolachas para o crumble também são peanuts, e desde que não seja alérgico aos mesmos, também os pode incluir que tudo o que vem por bem, já se sabe. E, pronto, é isto. Uma camada de bolachas outra de preparado, mais a gelatina e uns enfeitezitos para surpreender o olho e estimular a salivação e já está. Pode incluí-la nas feceitas com que não perder tempo neste Natal.
O grande benefício desta receita tão especial e comemorativa é que você estará no Peru, em plena capital, Lima, a aproveitar a vida louca. Live the dream!
Ingredientes:
– Viagem para Lima
– Limas normais (para sumo e raspas)
– Folhas de gelatina
– Leite condensado, que o desconcentrado não funciona tão bem
– Óleo
– Bolachas
Tempo de preparação:
É indiferente! Você está no Peru, na bela Lima, a comer ceviche e Chiri Ucho que nem um/a louco/a, a comprar cerâmicas de Chulucanas e têxteis de lã de lama e de alpaca, para dar de recuerdo no regresso. Vá a Machu Picchu e mesmo que nunca chegue a dominar a técnica do pavê, já valeu a pena estar vivo para este desfecho culinário. Depois, há ainda o velho ditado: Quanto mais lima, mais se lhe arrima. Tão verdade!
Eu pensava ir a Portugal este Natal, mas se calhar vou a Lima.
Pois, parece que Lima tem mais pavê, mas não deixes de vir a Portugal. Aqui, sempre há mais crumble!